O que não nos mata....

Sem sabermos porquê damos sempre por nós a remexer no passado. Damos por nós a desejar termos feito alguma coisa ou mesmo quase tudo de forma diferente. Perdemos tempo com rancores, com intrigas, com desilusões. Vivemos com ressentimentos sempre à espera de virem ao de cima. Tentamos agradar. Tentamos mudar. Tentamos compreender. Tentamos acreditar que não somos os únicos a tentar fazer um esforço. Tentamos manter as aparêcias mesmo quando estamos à beira de um precipicio! Tentamos deixar de ser como somos só porque incomodamos quem mais gostamos. Damos por nós a contornar os nossos princípios, os nossos valores, em troca de quê? mais ressentimentos?

Acobardamo-nos e deixamos os outros tomarem decisões por nós, deixamos que abusem de nós, deixamos que aos poucos e poucos vão roubando a nossa essência! Temos medo do abandono. Temos medo da solidão. Deve ser por isso. Damos por nós a pensar que podiamos ter feito mais qualquer coisa. Que o esforço não foi suficiente. Nunca é. As expectativas são sempre demasiado altas e a vontade de mudar nem sempre as consegue acompanhar! Mesmo assim, continuamos a tentar. Até que desistimos.

Até que nos apercebermos que o esforço é inútil. Quanto mais se dá mais se quer. E acabamos num círculo vicioso que só nos quer deitar abaixo à medida que vai girando à volta do mesmo. A vida é assim. Umas vezes ganhamos, outras vezes perdemos. Custa quando abrimos os olhos. Custa desiludirmo-nos. Custa enfrentarmo-nos por termos sido tão idiotas ao pensar que as pessoas se esforçam tanto como nós. Custa dar e nunca receber nada em troca. Não vos custa também?

Custa pensar em todo o tempo que perdemos à espera da "mudança". Aquela que nos vai fazer feliz. Aquela que nos vai fazer concretizar os nossos objectivos! Aquela que fará de nós uma pessoa melhor. E até lá? O que fazer enquanto não se muda? Falar é fácil. Agir é difícil. Exige que atravessemos uma constante barreira de medos e de inseguranças.. Ultrapassa-nos. Alguma vez mudamos mesmo?

E chegamos a um momento em que pensamos: será mesmo isto que queremos? será que vale mesmo a pena? será que estamos a tomar as decisões correctas? A resposta é incerta. Mas há sempre uma coisa que tenho sempre a certeza. É que quem mais interessa fica sempre. Quem não vale a pena, pode ir, pode vir, não importa. Não faz falta. No fim fica a esperança. Esperança para mudar, para esperar, para seguir em frente. Alguma vez seguimos mesmo em frente? Ficam sempre os ressentimentos. Ficam os corações partidos. Ficam as amizades destruídas. Fica a sensação que podiamos ter feito tanta coisa. Mas não fizemos. Porque é dificil sair da zona de conforto E a história repete-se e dá voltas e voltas e continua sempre no mesmo. Até quando?

Até nos fartarmos. Até sentirmos que só sorrimos para tentarmos parecer fortes. Até vermos que não dá mais. Que a ingratidão é demasiada. Que afinal a importância que damos Às coisas não corresponde ao seu real valor. E no fundo, estavamos cegos. Cegos de tanta ilusão. De tanto querermos agradar. De tanto queremos compreender, mesmo que isso signifique deixar de lado tudo em que acreditamos. No fundo é quando nos fartamos que queremos mudar. E quando queremos mudar, começa tudo outra vez. Nem que sejam os ressentimentos. Nem que seja porque é bom nos lembrarmos porque é que estamos assim.

Porque supostamente aprendemos com os erros. Quer sejam nossos, quer sejam dos outros.

... só nos torna mais fortes!